Gustavo Casseb Pessoti
Presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA)
A economia da Bahia está enfrentando uma situação desafiadora no início da terceira década do século XXI. Vivemos num cenário adverso, agravado com os efeitos da pandemia, e que se relaciona ao quadro de involução da atividade econômica. Com base nos dados das Contas Regionais e o indicador do PIB trimestral, divulgados pela SEI, é possível perceber que o estado vem perdendo posições relativas nas economias nacional e regional, e apresentou uma taxa negativa de crescimento acumulado na década de 2011-2020.
Chegamos ao que os economistas caracterizam como “armadilha do baixo crescimento”, evidenciada por resultados aquém do seu potencial e que reverberam no mercado de trabalho. Para termos uma noção deste reflexo, a taxa de desemprego medida pela PNAD para a Bahia era de 11,5% da PEA, no primeiro trimestre do ano de 2012, e passou para 20% no quarto trimestre de 2020.
A feição econômica do estado assemelha-se a que vigorava no século XIX, quando setores considerados anacrônicos, como administração pública e os de intermediação comercial e imobiliária, respondiam por quase a totalidade da economia. Essa aparente involução experimentada, em pleno alvorecer do século XXI, tem como traços históricos semelhantes, a perda de participação do setor industrial em proporção ao PIB, a baixa agregação de valor em segmentos com potencial de exportação e o aumento de participação de setores que apresentam baixo crescimento como as atividades imobiliárias e o setor público.
Mesmo que a retomada do crescimento aconteça, a alta representação dos setores tradicionais na matriz produtiva atual da Bahia gera essa externalidade negativa de geração de baixo impacto no agregado total da economia. Mais do que nunca, precisamos de uma solução conhecida e já posta em prática em outros momentos semelhantes da história econômica da Bahia: o planejamento econômico.
Apesar da inexistência de um projeto nacional de desenvolvimento que integre os demais planos estaduais, a Bahia não pode prescindir de um Plano de Desenvolvimento Econômico próprio. O estado realmente necessita de mais inclusão social e pujança econômica. É preciso repensar toda a estratégia de desenvolvimento em curso, inclusive os planos de curto, médio e longo prazos. Uma mudança estrutural não vai acontecer de forma inesperada e mesmo alguns investimentos importantes em pauta, como as energias eólica e solar, não têm efeitos de transbordamentos suficientes para encadear esse processo.
O Corecon-BA defende e propõe a ampliação deste debate junto com as autoridades governamentais competentes, com os economistas baianos e com a sociedade civil. É primordial nos unir para refletir e discutir um modelo que combine mais economia, mais geração de empregos, mais inclusão social, devolvendo ao estado o papel do protagonismo que sempre teve na Região Nordeste e no Brasil. Os conselheiros e economistas desta autarquia estão à disposição para contribuir com iniciativas voltadas ao planejamento e ao desenvolvimento socioeconômico da nossa Bahia.