Associação dos Gestores Governamentais do Estado da Bahia

Entrevista com Márcia Telles, diretora-geral do INEMA

29/05/2019 Entrevista
Entrevista com Márcia Telles, diretora-geral do Inema

Qual o cargo ocupado na estrutura do Estado?
Sou diretora-geral do Inema, cargo que ocupo desde agosto de 2012. Ingressei no Estado em 2006 e fui designada diretamente para o Centro de Recursos Ambientas (CRA), na época. Eu vim da iniciativa privada, fiz concurso público em 2004 e 2006 fui chamada, passei pela SAEB para fazer os procedimentos normais de ingresso no Estado e em seguida fui designada para o CRA.

Nos fale um pouco sobre sua experiência profissional no serviço público.
Quando ingressei no CRA havia uma necessidade de gestores. Na verdade, o órgão havia pedido dez gestores, mas foi deslocado um número menor e fui designada para a área de fiscalização, talvez em função de minha formação como farmacêutica. Logo que eu cheguei fui trabalhar diretamente com a coordenação. Depois assumi um cargo na assessoria técnica e fui ocupando diversos cargos. Assumi a coordenação por um tempo, respondendo por toda a assessoria técnica. Em seguida, assumi a diretoria de fiscalização no IMA. Em 2011, as duas autarquias ligadas ao meio ambiente e recursos hídricos, que eram o INGA e o IMA, foram fundidas na reforma administrativa surgindo o Inema, em maio de 2011, assumindo todas as atribuições de recursos hídricos e de meio ambiente, além de algumas atribuições da Secretaria do Meio Ambiente, que eram as vinculadas às unidades de conservação, biodiversidade, florestais e os parques – Zoológico, Pituaçu, Abaeté e 45 unidades de conservação espalhadas pela Bahia. Em julho de 2012 eu fui convidada para assumir a diretoria-geral do Inema, a primeira Especialista em Políticas Públicas a assumir esse cargo, onde estou até hoje.

Há servidores Especialistas em Políticas Públicas e Gestão Governamental (EPPGG) auxiliando o seu trabalho no Inema?
O Inema é composto majoritariamente de uma outra carreira que é o Especialista em Meio Ambiente, criada ao mesmo tempo que a de Especialista em Políticas Públicas. Junto comigo em 2006, aprovadas no concurso público de 2004, vieram Daniela Fernandes, que é minha diretora administrativa e financeira, e mais alguns gestores, alguns migraram para outras instituições ou passaram em outros concursos. Hoje no Inema temos sete gestores que compõem diversas estruturas do Instituto e estão espalhados por várias áreas, o que para mim como diretora-geral é um fato benéfico, pois você tem a presença de um gestor que é especialista naquela atividade nas diversas instâncias do Instituto, trabalhando transversalmente para disseminar esse conceito de gestão.

Como você avalia a importância do trabalho dos EPPGGs para o bom funcionamento do Estado? 
Hoje eu tenho uma gestora, Daniela Fernandes, como diretora administrativa-financeira, uma pessoa com muita experiência no Estado e foi fundamental nesse processo do Inema ter incorporado tantas estruturas na reforma administrativa de 2011 pois ela já ocupava esse mesmo cargo quando a autarquia se tornou ainda mais pesada, com novas atribuições. Hoje temos 100 contratos e algo em torno de R$ 140 milhões de orçamento anual. Mas com o aumento das atribuições não houve aumento de efetivo. Então as pessoas tiveram que assumir um maior número de atribuições com a mesma estrutura. Aqui temos a capacidade de reinventar, porque no Estado você precisar ter a habilidade de, mesmo com poucos recursos, atingir os seus objetivos. E para isso a presença de gestores é fundamental.

Como você analisa a importância das carreiras do estado para o melhor funcionamento da máquina pública?
Para mim a presença de integrantes da carreira pública é uma forma de profissionalizar a gestão, você transforma toda aquela atividade de assessoramento superior, direção e superintendência em algo mais profissional. Porque existem algumas questões muito específicas no serviço público que você não pode deixar de observar como gestor. Diferente do que é na iniciativa privada. Eu trabalhei anos na iniciativa privada, oito anos no Polo Petroquímico. Então quando entrei no Estado eu me senti em choque, senti um ambiente absolutamente diferente do que eu conhecia. E fico feliz que isso esteja mudando. Pois quando ingressei a minha impressão é que tínhamos um Estado pesado, oneroso e lento. E fico feliz que ao longo do processo, e falo especificamente do Inema, que essa visão tem mudado muito. Nós aqui não temos uma característica financeira, nós aqui não visamos o lucro. O objetivo é o cliente cidadão. O objetivo é levar a política pública para a ponta, para que ela atinja o cidadão de forma positiva. Então quando o gestor que compõe uma carreira, ele assume este tipo de cargo, ele vai dar a seu órgão um direcionamento qualificado, melhorado. Com a dificuldade de recursos financeiros cada um tem a obrigação de se reinventar para que você consiga encontrar uma solução com aquilo que você dispõe para dar mais eficiência ao Estado. Pensando assim você sai daquela situação de conforto, como se tudo estivesse aqui e nada precisasse ser conquistado. Uma coisa que Daniela diz sempre é que fazer gestão com muitos recursos é fácil. Mas hoje o desafio é prestar o serviço de forma qualificada e com pouco recurso. O gestor tem que sair de uma situação de inércia e perceber o que pode ser feito, ir adiante e fazer, transformar a boa intenção em ação. E acredito que esse seja um dos motivos de eu ocupar a diretoria-geral há tanto tempo, pois sou uma pessoa resolutiva. Aqui nós temos que ser mais céleres, na medida do possível, seja essa resposta positiva ou negativa. O requerente precisa de uma resposta para que sua vida ou seu empreendimento não fique parado e possa ser avaliado um outro caminho para o empreendedor. Trazer resolutividade ao serviço público é uma prática que nós gestores temos que trazer para o dia-a-dia do Estado. Outro benefício de termos os gestores nas funções de direção e semelhantes é conseguir aliar a visão técnica ao interesse político que é algo intrínseco à instituição pública. Então você precisa estar aliando a parte técnica, com eficiência e dentro da total legalidade que deve ser a premissa básica, mas percebendo também o ambiente político – e não falo de questões partidárias, mas de fazer chegar políticas públicas eficientes para melhoria de qualidade de vida.

Quais as primeiras ações do Inema nesse seu período?
O Inema trouxe uma coisa muito importante que foi a digitalização dos processos, ou seja o sistema informatizado de gestão ambiental. Isso gerou um impacto de qualidade muito significativo. Nós saímos do papel, quando tínhamos processos de 29 volumes que eram feitos muitas vezes por algumas de nossas nove unidades regionais espalhadas pela Bahia com grande perda de tempo por questões básicas de logísticas, para um uma situação informatizada onde podemos reunir uma equipe multidisciplinar em várias locais através de uma conferência. Isso foi um grande avanço.